"ESCUTA" ESSA!

As produções da propaganda, narradas por quem "sobreviveu" pra contar essas histórias!

As histórias, locais e os protagonistas, são verdadeiros. Tudo aconteceu exatamente como está narrado.

Ilustrações by Mauro Machado de Oliveira. Born to Paint! Textos: Luciana Meregalli e Waner Biazus

"Quer comprar pão de queijo? Poesias?

"Eu e a minha 'mina' que fizemos!"

Disse o "hippie" abordando a equipe da produção…

A equipe, de 15 pessoas, com equipamento de 16 mm, filmava um clipe para uma empresa de Consórcios. Além do pessoal da Exacta (Planet House) e da equipe de filmagem, o time era formado também por um ator e um caminhoneiro profissional, que garantia a realidade do trabalho e virava dublê do ator nas cenas "mais perigosas".

Foi uma semana de trabalho pesado, com tomadas de cenas ininterruptas de Caxias (RS) a Florianópolis (SC). Já em "Floripa", o sol não colaborava de jeito nenhum.

- "Atenção caminhão! Vem, vem…", falava o Kiko via walkie talkie com o ator e o caminhoneiro, que estavam há uns 900 metros atrás.

Brincando com a paciência de toda a equipe, era nessa hora que o céu se enchia de nuvens.
O pessoal ficou mais ou menos uma hora nessa função, tempo suficiente para o saco de todo mundo já estar bem cheio.

Foi aí que apareceu um jovem casal subindo pela estrada. Conforme se aproximavam, os "oclinhos paz e amor", os pés quase descalços e a aparência de quem não tomava banho há uns bons dias, iam ficando mais nítidos.
O casal aproximou-se do JC e do Cabrera (cameraman e diretor de fotografia, respectivamente) e com o maior ponto de interrogação estampado na cara, o boy perguntou ao JC:

- "Queria sabeeaar…vocêââs filmaaam ou projetaaam?"

O JC nada falou, só olhou de esguelha.

O hippie fez sinal de paz e amor com os dedos e largou um arrastado "Sóóó!!!" E olhou pra "mina". Ela, mais chapada do que quem acorda de uma anestesia e com os olhos em "farol baixo", devolveu-lhe um "Eaahhh".

- "E onde projetaaam?", insistiu o hippie, falando mais arrastado ainda.

Nessa hora o Cabrera juntou uma pedra. O "hippie hurra" levantou os "oclinhos", olhou pro Cabrera, fez um "V" com os dedos e abriu um sorrisão.

- "Quer Pão de queijo? Fiz com a minha "mina". Cheira!Cheira!", falou o hippie, esfregando o pão de queijo no nariz do Cabrera.
" Quer poesia? A gente fez poesia na beira da praia, de noite, só com a luz da lua, sabe? Quer?"
,
insistiu o hippie, puxando um punhado de papeis amassados da enorme bolsa franjada, que trazia a tiracolo.

E a equipe teve seu momento de descontração. E o Cabrera acabou comprando um pão de queijo do casal "paz e amor".

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